v. 75 n. 297 (2015): Sugestões ao Papa Francisco

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Apresentação

“Sugestões ao Papa Francisco”! Prezada leitora, presado leitor, talvez esta chamada soe um tanto ousada ou até mesmo “abusada”. A intenção da Redação é, porém, a de promover amor pela Igreja, espírito e confiança filiais, corresponsabilidade e humildade, escuta e fala, numa palavra: participação. O incentivo que ela deu para a promoção desta chamada foi bem modesto em termos de divulgação; portanto, também não teve e não tem a pretensão de atingir significativa relevância. Não obstante, ela tem a alegria de lhe apresentar contribuições que entende serem muito relevantes, pois, os respectivos autores expressaram-se com liberdade e deram o melhor de si. As sugestões contemplam vários aspectos ou níveis, como o sociológico, o administrativo e o espiritual, sendo este último de caráter identitário e orientativo. Aparecem, pois, análises socioadministrativas e representações do imaginário ideal a respeito da Igreja católica, do Reino de Deus enquanto realização histórica e utopia. Por isso, temos a convicção de que as contribuições aqui registradas poderão ajudar na busca e na fidelização a Jesus Cristo, no pensar a conjugação entre o Evangelho e as pessoas, inseridas em culturas evolutivas, no pensar aspectos administrativos, em todos os níveis.

Sobre o contexto de crise na Igreja por ocasião da renúncia de Bento XVI e da eleição do Papa Francisco, bem como sobre as perspectivas de continuidade e de mudança, estruturais, e sugestões daí decorrentes discorre João Décio Passos.

Diversas sugestões, e de acento institucional, são sinalizadas ao Papa Francisco para a condução da Igreja por João da Silva Mendonça Filho, Luís González-Quevedo, Maria Cecília Dos Santos Ribeiro Simões, Nicolau João Bakker, e, de acento espiritual, por outros articulistas.

Assim, Mário de França Miranda sonda e traz à escrita aquela que seria a “intenção de fundo que move e justifica os pronunciamentos e as decisões deste Papa”. Ele alude à Igreja como mistério, dimensão cara à Lumen gentium. Com isso, constata e sugere que a reforma tem/tenha características de renovação, ou seja, atinja, sim, a dimensão institucional, mas também, que a ultrapasse. Com alegria, ele constata: “estamos às voltas com o que há de mais central no Evangelho, com a dimensão mística da fé, com a experiência de Deus intrínseca à vida cristã, com a imagem autêntica de Deus revelada em Jesus, com o valor fundamental da vida do Mestre de Nazaré para nós, seus seguidores”. Trata-se, pois, de ação de Deus; trata-se de inspiração Espírito Santo, que sempre conduz a Igreja. Ao constatar esta “intenção de fundo”, o Autor propõe sua escuta e obediência.

O Papa Francisco deseja uma Igreja pobre e voltada para os pobres, no sentido polissêmico desta palavra, e sinaliza este desejo por palavras, gestos e modo de ser e agir. Ao aproximar Francisco de Assis (cujo nome o então Cardeal Bergoglio escolheu e assumiu como Papa) e Simone Weil, Maria Clara Lucchetti Bingemer ressalta em ambos a dimensão de pobreza e cruz, à semelhança de Jesus, ou seja, qualifica essa dimensão como máxima expressão de liberdade e amor-doação. Por conseguinte, nesta perspectiva desenha-se a resposta humana ideal à inspiração do Espírito Santo, configura-se a renovação da Igreja.

Voltado para a Igreja no Brasil, mas repercutindo em toda ela, Carlos Francisco Signorelli, postula uma questão estrutural que vem de mais longe, em forma de pergunta: “leigos e leigas – sujeitos eclesiais?” A pergunta, aqui, é proposta, é sugestão.

Enfim, para os tempos atuais e em vista do próximo Sínodo dos Bispos sobre a família, José Silvio Botero Giraldo sugere algumas atitudes que deveriam se fazer presentes no acompanhamento pastoral a casais e famílias, para que a Igreja testemunhe ainda melhor o Evangelho de Jesus Cristo.

Elói Dionísio Piva ofm

Redator

Publicado: 2015-08-16