Vol. 59 No. 235 (1999): Pecadofobia
Temos a alegria de abrir a apresentação deste fascículo da REB com as considerações de Frei Bernardino Leers. Partindo de fina avaliação e intuição de alguns aspectos da expressão religiosa de grande parte de nossa gente, ele busca subsídios para aclarar sempre mais o caminho da conciliação e da reconciliação com o universo das criaturas, particularmente com a pessoa humana, e com Deus. No discernimento deste itinerário ele se defronta, por um lado, com o laxismo moral e, por outro, com a fobia do pecado - “tudo é pecado”. É neste último aspecto que ele se detém. Mostra-nos que esta fobia, que inibe tantas pessoas em relação a um deslanchar crítico e criativo, não pode sustentar-se a partir da sadia Tradição cristã. É, antes, fruto de injunções sócio-eclesiais. E para a liberdade dos Filhos de Deus que ele nos convida e incentiva!
Com muito carinho, agradecemos a Frei Bernardino por tudo o que ele já tem feito no âmbito da teologia moral e por este artigo que ele nos oferece, na sabedoria de seus 80 anos de vida e com sacrifício, devido à progressiva perda da “luz” de seus olhos corporais.
Depois disso, continuamos com uma interessante sondagem de Márcio Fabri dos Anjos sobre a relação entre o atual momento no discernimento de valores morais pelo conjunto da sociedade e da juventude, particularmente latino-americanas. Como a juventude - uma generalização com muitas diferenciações - recebe, cria e opta por valores morais e por quais, especificamente? O assunto interessa particularmente aos que lidam com jovens e, mais especificamente ainda, aos que desempenham a missão de iniciar a muitos deles na vida religiosa consagrada.
Também Graciela Chamorro apresenta uma relação de muito interesse. Analisando a hermenêutica judaico-cristã e guarani de mitos de origem do bem e do mal. ela surpreende aproximações entre a Sabedoria e a Mulher, no sentido de serem envolvidas unilateralmente na representação da origem do mal. Daí ter esta investigação o sentido de clarear alguns aspectos de uma interpretação tipicamente patriarcal e de sugerir uma sua reavaliação.
Se, de misérias pessoais e locais, levantarmos os olhos a nível sociológico globalizado, chegaremos, certamente, a decifrar o mecanismo da dívida externa (em relação a países ou blocos econômicos) e suas consequências. Um questionamento ético então se levantará; uma busca de soluções do ponto de vista da justiça social se realimentará do sonho de um futuro mais fraternal mente partilhado. Confira com Agenor Brighenti.
Do atual contexto da convivência humana e da conexa reflexão teológica, cresce a exigência de se considerai- o lugar e a contribuição das religiões. Faustino Luiz Couto Teixeira nos coloca a par do atual e efervescente debate teológico, explicitando algumas interpretações cristãs do pluralismo religioso, bem como algumas questões em discussão.
Por fim, com Alberto Beckhäuser, uma análise também muito interessante e atual. A partir de uma compreensão teológica da Liturgia cristã, como é possível avaliar alguns fenômenos de expressão religiosa, particularmente, alguns deles, ligados ao Movimento da Renovação Carismática Católica? Confira.
Frutuoso entretenimento!
Elói Dionísio Piva, ofm
Redator