Vol. 75 No. 300 (2015): Morte e Religião
Apresentação
Morte e Religião é a relação temática em realce deste número da REB. Seccionado e em sua primeira parte – o morrer –, um tema de forte apelo antropológico. Mas também, na segunda parte da relação – a religião –, intimamente relacionado ao morrer. Uma relação temática que possibilita um amplo leque de abordagens.
Assim, a primeira é de natureza ética. Discutem-se os cuidados relativos ao ocaso da vida das pessoas: questões pertinentes ao curso natural do morrer, às possibilidades das tecnologias médicas que podem ser direcionadas para a distanásia, às diretivas antecipadas da vontade, ao acompanhamento da mortalidade e finitude humana. William Saad Hossne e Leo Pessini, e Maria Emília de Oliveira Schpallier Silva tratam especificamente destas e de outras candentes questões afins.
Ricardo Barbosa Correa e Paulo Franco Taitson trazem importantes sugestões que aliam atendimento médico-profissional e atendimento religioso-espiritual. Escrevem sobre a importância de perspectivas espirituais da Vida, o cuidado atencioso, amoroso, respeitoso e competente em relação ao doente e a tudo o que envolve a mortalidade humana, incluindo, pois, não só os doentes em estágio terminal, mas também seus familiares e as equipes médicas.
Uma excelente síntese sobre a origem e a evolução da hipótese da decisão final nos é oferecida por Renato Alves de Oliveira, que, também e principalmente, traz as discussões em torno de prós e contra a hipótese, bem como uma avaliação geral da mesma. Este número da REB só traz, porém, a primeira parte do texto, sendo que a segunda virá no próximo número.
O cuidado em relação aos falecidos, no âmbito da religião, também abarca o imaginário relativo ao percurso, aos estágios ou à situação para além do término da vida presente. Neste número da REB, foi-se buscar no passado o que este imaginário, coletivo, criava. Juliana de Mello Moraes pergunta aos membros da Ordem Terceira Franciscana de São Paulo, capital, como eles se imaginavam a possibilidade de cuidados em relação aos falecidos e como os expressavam, no século XVIII. Também Lidiane Almeida Niero e Volney José Berkenbrock perguntam pelo imaginário em relação aos falecidos e pela consequente atuação dos habitantes de Rio das Mortes (MG), no século XVIII.
Além do assunto-destaque Morte e Religião, este número traz uma análise de Emerson José Sena da Silveira, sobre o imaginário e a atuação de grupos católicos em nosso país, que, pelas características, ele os denomina, em termos gerais, de tradicionalismo católico.
Continua a expectativa a respeito dos possíveis resultados em função de uma nova funcionalidade da Cúria Romana, tanto quanto possível, adequada à missão da Igreja e aos tempos atuais. João Décio Passos analisa funções, possibilidades de continuidade e de reformas, de possíveis ajustes entre ordem burocrática e carismática.
Por fim, na seção de artigos deste número, Francisco de Aquino Júnior reflete sobre a importância da contribuição teológica para o discernimento dos sinais dos tempos e convida os teólogos a continuar somando, de modo particular no momento presente, para a missão evangelizadora da Igreja, católica no caso.
Votos de fecunda reflexão a todos os leitores.
Elói Dionísio Piva ofm
Redator