Vol. 57 Núm. 228 (1997): CEBs: IX Intereclesial
Eclesiologia é o assunto. A forma de abordagem não é de acento teórico ou acadêmico. E, antes, narrativo, memorial, avaliativo. Com efeito, não se trata da elaboração de temas ou leses. Trata-se da articulação de uma experiência. Uma experiência de encontro. Um encontro que se reporta a uma identidade, ao mesmo tempo celebrada e buscada. Uma identidade que, em primeira e última instância, se reporta à experiência e à convocação de Deus, uno e trino. E a experiência da fonte constitutiva de Igreja, de comunidade reunida na fé, na esperança e no amor. Portanto, é experiência partilhada e ouvida, celebrada e buscada, avaliada e vislumbrada em seu devir. É experiência vivida na história, num determinado espaço temporal, geográfico e social. Portanto e evidentemente, não se trata da experiência de toda a Igreja, mesmo tomada em qualquer um dos níveis: setorial, local ou universal ou num determinado tempo. No entanto, trata-se de uma experiência de Igreja.
A narração, o memorial ou a avaliação a que nos referimos se reporta ao IX intereclesial de CEBs, realizado no mês de julho deste ano em São Luís do Maranhão. Embora partindo deste evento e a ele se remetendo, os ensaios apresentados alcançam questões eclesiais de atualidade. Estes ensaios provêm de pessoas relacionadas não só e em geral às CEBs, mas especificamente à preparação e à celebração do Encontro de São Luís. São elas: Pe. João Batista Libânio, Pe. Benedito Ferraro, Pe. Adriano Sella. Frei Carlos Mesters, Pe. Antônio Aparecido da Silva, Pe. Heitor Frisotti, Dom José Maria Pires, Lúcia Ribeiro, Pastor Cláudio de Oliveira Ribeiro, Pastor Jether Pereira Ramalho, Pe. José Marins e Pe. Massimo Leorato. Outras contribuições afins são devidas a Frei Antônio Moser, a Dom Boaventura Kloppenburg, a Dom Valfredo Tepe e a Frei Nilo Agostini.
Como não poderia deixar de ser, são narrações ou reflexões post factum. São memória, são avaliação, são perspectivas. Trabalham a identidade eclesial, especificamente a partir da caminhada das comunidades eclesiais. Cultivar a memória do encontro, da atuação em diferentes circunstâncias sociais e culturais faz parte do cultivo da identidade eclesial. O cultivo da memória é também uma avaliação dos acertos e desacertos, é ação de graças pela comunhão na mesma esperança e na mesma caridade, expressas numa renovada e diversificada riqueza cultural. Enfim e principalmente, cultivar a memória de 30 anos de percurso revela uma atitude de escuta e disponibilidade àquilo que hoje o Espírito diz à Igreja. É disponibilidade de ouvir os sinais dos tempos e a convocação da Palavra de Deus, marco referencial de todo o processo. Esta prontidão, amparada pela identidade eclesial - una, santa, católica e apostólica -, é predisposição dialogai entre linguagem das comunidades de base e linguagem das massas, entre CEBs e movimentos, entre comunidades eclesiais e pluralismo religioso. E generosa e corajosa predisposição para perceber e acudir às necessidades eclesiais, na atitude de seguidores do Pastor e Guia de nossas almas.
Que as comunidades possam sugerir em seu dia-a-dia a imagem d’Aquele que as constitui: o Deus Uno e Trino, o Deus-comunhão, o Deus Criador e Salvador, o Deus-amor.
Elói Dionísio Piva, ofm
Redador