“As [des]cortezias usadas entre os bispos”
Teologia e política no conflito pelo direito à sagração de Dom Pedro II (1841)
DOI :
https://doi.org/10.29386/reb.v81i318.2568Résumé
Faltam estudos sobre as relações entre os Bispos católicos no Brasil em que fiquem demonstradas as práticas intersubjetivas de atuação enquanto grupo, os esforços coletivos de busca de consenso, como também diferenças, rivalidades, tensões e até conflitos. Este artigo analisa o conflito teológico-político entre o Arcebispo-Primaz, Dom Romualdo Antônio de Seixas (1787-1860), e o Bispo do Rio de Janeiro e Capelão-Mor da Casa Imperial, Dom Manoel do Monte Rodrigues de Araújo (1796-1863), pelo direito e privilégio de sagrar e coroar o jovem Dom Pedro II, em julho de 1841. Os dois bispos deixaram duas longas publicações, “Opúsculo sobre a questão que tivera o Excellentíssimo Arcebispo da Bahia e Metropolitano do Brasil D. Romualdo Antônio de Seixas, com o Bispo Capellão-Mór do Rio de Janeiro Manoel do Monte Rodrigues de Araújo...” (1841) de Dom Manoel do Monte, e “Memória apologética do Arcebispo da Bahia, Metropolitano e Primaz do Brasil, em resposta à um Opúsculo...” (1842) de Dom Romualdo de Seixas, em que relatam os fatos, a partir da ótica de cada um, e os argumentos jurídico-canônicos em defesa de suas posições. Para análise do caso optamos seguir o paradigma intersubjetivo proposto por Jürgen Habermas (1929) que está em ação no diálogo, na comunicação, na interação, especialmente, em situações de “conflitos moralmente relevantes”. A divergência intensa entre os dois Prelados revelou o grande distanciamento entre os bispos brasileiros e que nos remete para o problema do exercício de uma “colegialidade episcopal”.
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