V. 68 N. 270 (2008): Eucaristia e Anúncio
A REB se une a Mário França de Miranda para repropor a seus queridos leitores uma afirmação cotidiana: toda boa teologia serve à pastoral, e toda boa pastoral busca um firme embasamento teológico. Faz-se desejável, pois, um salutar intercâmbio entre teologia e realidade social, bem situada. Ora, a Eucaristia possibilita de maneira privilegiada e única este intercâmbio, pois, como Aparecida reafirma, em cada celebração eucarística os cristãos morrem e ressuscitam com Cristo. Expressam sua vida de discípulos e missionários de Jesus Cristo. Neste lugar ou momento kairótico redescobrem o Senhor ao partir o pão e proclamam o mandamento do amor, como dinamismo pascal da vida (cf. DA 267). Que se relacione, criticamente, serviço e celebração eucarístico-sacramental, nunca é suficiente ou demais desejar, pois, o segredo de uma Igreja discípula e missionária situa-se neste ponto de convergência e de irradiação.
Em seguida, propomos uma salutar discussão sobre o lugar da cristologia e da ação cristã. E perguntamos: o lugar de uma relativiza a outra? Deve-se impor á força argumentativa ou testemunhal de uma sobre a outra? São excludentes? Chegou-se a colocar o pobre no lugar de Cristo? Chegou-se a colocar um Cristo imaginado no lugar do pobre? Deveriam ser conjugadas? Como? Enfim, Deus, onde estás? Pode minha mente, meu coração, ser a medida de Tua manifestação?! Acompanhe e participe, com desdobramentos na reflexão e na práxis, o debate coordenado por Luiz Carlos Susin e Érico João Hammes, de um lado, e Clodovis Boff (REB 67 (2007) 1001-1022), de outro.
A Conferência de Aparecida continuará sendo um marco referencial para o discipulado de Jesus Cristo e o anúncio da Boa Nova, decorrente do encontro com o Mestre. Como não poderia deixar de ser, é um referencial historicamente situado. E, para ajudar a perceber contornos das circunstâncias de Aparecida, propomos o ensaio de Carlos César dos Santos: chaves de leitura.
Crise, mudança, decadência, prostração, reforma, re-erguimento, conversão... O que sinalizamos com estes e outros termos semelhantes, às vezes adjetivados, como crise moral, decadência religiosa, re-erguimento ético-moral? A que experiência pessoal ou social nos referimos? Sandro Roberto da Costa, abordando um personagem e uma época bem específica, nos traz uma bela ilustração.
Inspirar-se e orientar-se a partir do princípio liberal que leva à insensível autonomia em relação aos outros ou a partir do princípio misericórdia que conduz à solidariedade social? Ou, o que um pode contribuir para o outro? Que importância adquirem estas orientações para uma corresponsabilidade em relação à vida? Em que ou quanto o olhar da fé influi? Podemos acompanhar esta candente reflexão com Rogério Jolins Martins e Márcio Fabri dos Anjos.
Temos oportunidade de acompanhar também nosso querido Bernardino Leers, ora quase cego de vista, mas lúcido de mente, para ouvir dele que, ao menos no centro do Brasil, quem voa nas alturas não é águia, mas urubu! Falando da sociedade-família, situada na sociedade política, também situada, pondera que toda iniciativa moral deve levar em conta os seres humanos no chão que estão pisando, nas possibilidades que têm de responder às necessidades do próximo e ao chamado de Deus.
Por fim, uma das pérolas mais brilhantes: Qual a relação entre a ciência bíblica e a leitura popular da Bíblia? Como ou em que uma dimensão pode ajudar a outra? Como uma pode ajudar a outra a distinguir claramente a roupagem ou a forma de mensageiro e a mensagem ela mesma? Temos a possibilidade de acompanhar esta interessante reflexão com Ralf Huning!
Às leitoras e aos leitores: que a REB os estimule no seguimento e na missão!
Elói Dionísio Piva ofm
Redator