V. 53 N. 212 (1993): Pastoral Familiar

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A Igreja no Brasil em 1994 concentrará sua atenção pastoral na família. O ouvido de pastor ouve principalmente o gemido de milhares de ensaios de família, de famílias quebradas física e moralmente, com frequência mais vítimas do que sujeitos de sua própria história. Por isso, a partir do primado universal e familiar do amor, usará de inteligência e de misericórdia. Anunciará as exigências deste primado e priorizará o convite e o incentivo sobre a cobrança, a compreensão e a paciência sobre o juízo. Frei Antônio Moser articula lucidamente estes desafios da pastoral familiar, no contexto social brasileiro. Já o casal Cláudia e Diego Naranjo avalia a atuação dos Movimentos Familiares na Igreja. Distingue potencialidades e limitações. Diante dos desafios e das possibilidades, o casal advoga uma progressiva integração de iniciativas.

Santo Domingo é nosso segundo destaque. Pastoralmente importa ter clareza em que sentido o legado deste encontro pode incrementar e orientar lucidamente o dinamismo da caridade. Clodovis Boff nô-lo oferece, em clara e resumida síntese. Deste legado, certamente é a evangelização inculturada a intuição mais original. Pressuposta esta orientação de fundo, importa debruçar-se com carinho e inteligência sobre as variadas manifestações culturais em nosso Continente, a fim de deixar-se surpreender pela manifestação de Deus na história dos agentes destas culturas. José Oscar Beozzo, articulando este enunciado com a realidade histórica latino-americana, nos fornece intuições valiosas.

Luiz Roberto Benedetti tem por objeto relacionar o discurso predominante da sociedade nos anos 90 com o da Igreja. Sem cair em mimetismos, ao indicar os canais em que a maioria das pessoas desta época está sintonizada, à Igreja sugere sensibilidade, a fim de que, ajustada a linguagem, se mantenha atualizada.

Pertinente ponderação, imprescindível do ponto de vista metodológico e hermenêutico, nos vem de Paulo Suess. O autêntico relato da história dos outros é como rua de mão dupla: atividade dialogal. Como seria ele, em relação à América Latina, se fosse tecido a partir das possibilidades e dos limites colocados pelo binômio comunhão-alteridade?

Santo Domingo convidou os leigos a serem protagonistas da evangelização. Neste quadro e colhendo a oportunidade dos 100 anos de nascimento de Alceu Amoroso Lima, Pe. Djalma Rodrigues de Andrade pontualiza a trajetória cristã, eclesial, socialmente lúcida; engajada deste líder leigo brasileiro. Por sua vez, Leonardo Meulenberg narra a paradigmática caminhada espiritual de S. Agostinho. É itinerário que, bem sinalizado, fala por si mesmo.

Enfim, Hélcion Ribeiro no; apresenta, em sugestiva imagem, a relação lúdica de Deus com o Homem. Num mundo frequentemente entristecido pelo desencanto e pela brutalidade, a presença de Deus é maravilha de reencanto e beleza.

Fr. Elói Dionísio Piva

Redator

Pubblicato: 2021-06-24