V. 75 N. 298 (2015): Modelos Pastorais
Apresentação
O presente número da REB oferece a Você, leitor/a, a possibilidade de interrogarse enquanto testemunha da experiência cristã. E, as contribuições que ele traz canalizam esta interrogação a partir ou em torno da temática: “modelos pastorais”.
Talvez e de início, venha, então, à sua mente a imagem do pastor; em seguida, a do Pastor e a de sua caracterização como “bom” – Bom Pastor, o Bom Pastor. Este, com efeito, é O modelo. Modelo, que, por sua vez, além de apontar para o Pai, aponta para as pessoas. E estas, não abstratamente conceituadas, mas em sua configuração histórica, individual e social. Por isso, mesmo no âmbito individual, cabe falar no plural, ou seja, em “modelos” ou em referências. Também é obvio que, tanto O modelo como os modelos remetem à sua dimensão social ou comunitária. E, aqui, ao referirem-se a “modelos pastorais”, movimentam-se numa delimitação que pressupõe ou que está relacionada a determinadas representações ou a determinados modelos de compreensão de Igreja e de sociedade, que lhe são como que anteriores ou possibilitadores.
Neste âmbito e em seu conjunto, a reflexão contida neste número parte da noção de Igreja evidenciada pelo Concílio Vaticano II, codificada nas palavras “mistério”, “sacramento”, “sinal”. Com efeito, foi então realçado que ela se constitui de carisma e instituição, que é sacramento de um Reino que não é deste mundo, mas que tem por missão torná-lo presente neste mesmo mundo; que, por um lado, procede de Jesus e, por outro, da experiência pascal de seus discípulos; que deve, pois, referir-se constantemente às suas fontes e, sob a ação do Espírito Santo, originar-se continuamente. Ora, ao ser assim, gera cultura e tradição. Uma tradição “viva”, isto é, que caminha com a história humana, perfazendo a própria história e contribuindo com a de toda a humanidade. É a história do Espírito Santo na história do Povo de Deus, podemos destacar, com Agenor Brighenti. Assim, “modelos pastorais” remetem à experiência cristã originária, na dinâmica das diferentes vestes culturais e modais que a caracterizam no decorrer do tempo e das expressões culturais em que se insere.
A reflexão sobre representações ou modelos pastorais levanta, salutarmente imaginamos e desejamos, a pergunta pela fidelidade à tradição viva da Igreja. Levantam o diálogo, de modo mais específico, neste número: Agenor Brighenti, Nicolau João Bakker, Rogério Luiz Zanini, Adriano Lima e Clodovis Maria Boff, Maria Lina Boff, Maria Cecília Ribeiro dos Santos Simões – a quem a REB agradece.
Ainda: Clodovis Maria Boff, em artigo intitulado “Espiritualidade e pastoral”, resultado de uma palestra por ele proferida há um ano, evoca uma sadia relação entre um âmbito e outro (espiritualidade e pastoral), para que nem se instrumentalize um dos polos em prejuízo do outro, nem se enfraqueça sua intrínseca relação.
E, por sua vez, Paulo Sérgio Carrara propõe relevância teológica ao tema da Oração. Para isso, busca e traz para Você, leitor/a, o pensamento de François Xavier Durrwell, que fundamenta a oração no mistério pascal de Jesus. Daí decorre sua centralidade na vida/ação cristã.
Elói Dionísio Piva ofm
Redator