v. 76 n. 303 (2016): Cristologias atuais
Apresentação
Narrativas cristológicas atuais são destaque neste número da REB. Elas falam da “apropriação” ensaiada a respeito de Jesus Cristo, que, em sua pessoa, envolve o humano e o divino e perpassa o tempo e o espaço. Trata-se, sim, de compreensão e acentos determinados e circunstanciados, provenientes tanto da inexaurível riqueza do Filho de Deus, como da singularidade de cada pessoa humana (escritor/a, no caso) e de seu contexto sócio-religioso, individual e coletivo. Colocamo-nos, pois e também, diante de nosso próprio olhar.
É de se notar ainda que as contribuições reunidas neste número não resultam de um plano predeterminado, orgânico e programado. Sua configuração é resultado espontâneo da generosa resposta à ampla e aberta proposta do assunto. Manifesta-se, assim, o que vem sendo ora elucidado ora construído em termos de nossa representação imaginária da pessoa de Jesus Cristo. Assim:
Aurea Marin Burocchi, partindo do que se pode saber ou intuir da relação intratinitária, acentua a interação entre Filho e Espírito Santo, pensando no cotidiano das relações humanas e cristãs.
Aparecida Maria de Vasconcelos também relaciona cristologia com pneumatologia, buscando esta relação na interpretação mística da evolução cósmica em Teilhard de Chardin, com atenção voltada para seus possíveis reflexos em contexto secularizado.
Rogério Luiz Zanini relaciona a encarnação do Filho de Deus como homem a partir da ótica de gênero; sinaliza, porém, a ultrapassagem da delimitação masculino/feminino, ao reportar-se ao Reino de Deus que anuncia o horizonte inclusivo e para ele a todos conclama na qualidade de sujeitos.
Junior Vasconcelos do Amaral focaliza os personagens do Relato da Paixão de Jesus segundo Marcos, para deles deduzir a cristologia de Marcos, cujo fio condutor é a livre entrega de Jesus e a proclamação do personagem pagão, o centurião, que exclama com força ter sido Jesus o Filho de Deus.
Francis Silvestrini Adão, por sua vez, pressupondo e visando a existência cristã no mundo plural, focaliza as figuras bíblicas do estrangeiro, do órfão e da viúva como indicadoras da convergência da atuação do Deus singular e plural/uno e trino. Francisco Taborda, no e para o contexto litúrgico do tempo de Advento, conduz uma reflexão teológica a partir e em função das conhecidas Antífonas do Ó (de 17 a 23 de dezembro), que caracterizam o Enviado.
Por fim, neste número e entre os artigos, Adriano São João demonstra o lugar e o conceito de Misericórdia na teologia contemporânea; sinaliza o resgate deste tema e sua importância para a vida cristã.
Que a luz de Cristo ilumine a todos.
Elói Dionísio Piva ofm
Redator