v. 74 n. 294 (2014): Brasil: debate teológico
Apresentação
Intelectualmente apaixonante! Duas palavras que evocam campos semânticos distintos, mas não separados. Antes, intimamente relacionados em sua diferenciação. Isto acontece sempre que esteja em jogo a totalidade da pessoa. É o que se dá, p. ex., quando o assunto é Fé.
Esta é a constatação que decorre de uma visita ao Debate teológico protagonizado no Brasil, entre 2007 e 2009, e, então, referido nesta Revista. O visitante não só se apercebeu da importância de o referido debate ter acontecido entre nós, ou seja, de ter manifestado pressupostos nossos para que tal acontecesse, mas, sobretudo, da caracterização da Teologia. Com efeito, partindo-se da orto-práxis, esta busca-se sua intelecção. E esta instigante relação gera pathos. Em sentido ideal, este pathos sempre está presente no fazer teológico, mas, em certos momentos, pode dar vazão a maior expressividade, como no que foi revisitado. Estes momentos tornam-se, pois, propícios para uma Introdução à Teologia, porquanto envolvem orto-práxis e busca de compreensão da mesma. Francys Silvestrini Adão fez com carinho e atenção esta visita e, com esmero, conta o que captou e, assim, propõe fecundo diálogo sobre metodologia teológica.
Elismar Alves dos Santos também continua tratando da Fé, mas como fundamento do propósito de vida religiosa e presbiteral. Cuidar da Fé é um modo de a pessoa zelar de si mesma; é condição para exercer liderança, ou seja, para ajudar a outras pessoas.
Teologia é ciência? É a pergunta que Urbano Zilles se faz. Com isso e de certa maneira, ele prossegue a discussão levantada pelo artigo anterior, capta uma inquietação recorrente e interage com ela, discorrendo sobre a racionalidade de Fé.
E, a pergunta por quem seja o ser humano, continua a ser colocada no texto de Renato Alves de Oliveira ao tratar da “alma”. Falar de “alma”, pode até parecer estranho, fora de moda, mesmo se, paradoxalmente, o termo não tenha deixado de ser utilizado por pessoas das mais diferentes categorias e em ocasiões as mais diversificadas. Mas, trata-se de antropologia teológica, afirma Renato. E ele, abordando razões do esquecimento desta categoria de linguagem, atesta que seu sentido e conteúdo têm sido redescobertos nas últimas décadas, como expressão para indicar a singularidade humana, sua especificidade, seu valor, sua dignidade e vocação para a transcendência.
Continuamos a fala sobre aspectos humanos com Paulo Ferreira Valério, partindo de uma abordagem do livro de Rute, para evidenciar como a amizade fraterna e a solidariedade são valores fundamentais que transpõem limites culturais e/ou religiosos.
A glória de Deus é o ser humano feliz, parafraseando Santo Ireneu. Que os textos possam contribuir para isso.
Elói Dionísio Piva ofm
Redator