Vol. 62 N.º 248 (2002): O Cristo de Paulo
A Redação da REB tem a satisfação de partilhar com os leitores da revista a singela homenagem que presta a um de seus colaboradores e membros do Conselho Editorial: Frei Simão Voigt, ofm, falecido aos 24 de julho passado, após cerca de 5 meses do diagnóstico de um tumor maligno no cérebro. Por mais de 30 anos Frei Simão condividiu no ITF o que ele mesmo apreendera e vinha apreendendo em torno das Sagradas Escrituras. Entre as características que em todos deixa saudades não temos dúvida em assinalar: a simplicidade de seu estilo de vida, o rigor na busca intelectual da verdade (deixou quase pronto um livro sobre “leituras”, abordagens ou interpretações bíblicas) e a serenidade com que se colocava em relação a posições ideológicas ou novas hipóteses. Por tudo isto, mas sobretudo pela paixão que demonstrava pelos estudos bíblicos e pelo juvenil entusiasmo com que compartilhava hipóteses ou descobertas na sabedoria de seus 76 anos de vida, a REB lhe presta a singela homenagem de editar a elaboração de um dos muitos projetos que acalentava: Paulo, cristólogo das origens cristãs. Este fora o texto da conferência por ele proferida na Semana Teológico-Pastoral, promovida pela PUC-Rio e pelo ITF-Petrópolis, em outubro de 2001. Agradecemos ao Pe. Mário de França Miranda, SJ – PUC-Rio a pronta liberação do texto, publicado, juntamente com as outras participações desta Semana, pelas Edições Loyola, com o título: A pessoa e a mensagem de Jesus (2002).
Em seguida, este fascículo é enriquecido pela reflexão teológica de Sinivaldo Silva Tavares, sintetizando o percurso da recente reflexão teológica cristã, que, provocada e inspirada pelo Mistério do Verbo Encarnado, se debruçou sobre a relação entre história e fé. O texto complementa a outra abordagem, já editada (cf. REB 62 (2002) 5-27).
A riqueza do material deste fascículo prossegue com abordagens de cunho pastoral, sociológico, ético e psicológico. Em primeiro lugar, José Trasferetti, a partir de uma pesquisa-amostra realizada em três paróquias de Campinas/SP, prospecta atuação e postura para a Pastoral Familiar: superar tabus e abordar com competência e serenidade as implicações decorrentes da AIDS, particularmente dos soro-positivos.
Ari Pedro Oro apresenta o resultado de uma pesquisa entre universitários de duas instituições de ensino de Porto Alegre. Traz à tona a relação entre manifestações religiosas e modernidade/pós-modernidade, particularmente no mundo estudantil da atualidade.
Neiva Furlin se aproxima do fenômeno religioso manifestado na e pela IURD, particularmente nas reuniões do “descarrego”, procurando sondar seus pressupostos ou fundamentos de caráter antropológico: fé, a experiência da cura e, nela, da libertação.
Hubert Lepargneur nos convida para uma reflexão bioética. Em pauta: a eugenia e a clonagem terapêutica. Crônica de novas possibilidades e questões, discussões, dúvidas e perspectivas são ingredientes do debate.
Enfim, Marcelo Conceição Araújo aborda a delicada temática do desenvolvimento afetivo na formação inicial ministrada nos seminários e casas de formação religiosa. Esta temática, enfatiza o Autor, precisa ser abordada em profundidade e com serenidade, buscando-se clareza de discernimento, coragem e objetividade em sua abordagem.
Que este espaço de partilha teológico-pastoral possa incentivar e qualificar a ação eclesial.
Elói Dionísio Piva, ofm
Redator