Vol. 59 N.º 233 (1999): Identidade cristã
Certamente, se lhe perguntarem: “Quantas vezes Você perguntou: ‘Quem é aquela pessoa’ ou, mesmo, ‘Quem é Você?”’, a resposta seria assim: “Perdi a conta!”, “Nunca me preocupei com isso!” Mas, quem sabe, diante do óbvio, surja ainda esta outra pergunta: “Por que pergunto?” “Por que me informo?” E, para responder, hipóteses são levantadas: Será que a sensação de desconforto diante da mutabilidade de situações e do peso de indecisões me leva à busca de definições, de segurança, de domínio?
Onde estou querendo chegar? Refiro-me a uma dimensão fundamental e permanente, embora em roupagens novas sempre se apresente. Trata-se de identidade cristã. A constante evolução de condicionamentos sociais e religiosos me convida a formular novamente a pergunta relacionada à identidade: “Quem sou eu enquanto cristão/ã?” e me oferece a chance de buscar uma resposta. Detalhando a pergunta: Que é que me caracteriza e, portanto, o que é que me identifica e me distingue como cristão/ã, católico/a? Em relação a quem e a quê ? Confira com Dom Valfredo Tepe esta provocação, estímulo para uma eclesiologia arejada.
Outra dimensão humana, permanente desafio e fascínio, com várias acentuações no decorrer da história cultural e religiosa do Ocidente, há pouco objeto de uma Carta Encíclica de João Paulo II, é a da relação entre fé e razão. Dom Filippo Santoro c nosso conhecido Pe. Hubert Lepargneur contextuam a referida Encíclica, indicam propósitos e destaques, bem como alguns limites. Convidam-nos a uma respeitosa, criativa e proveitosa recepção.
Somos testemunhas de novas e avolumadas expressões de caráter religioso, tanto no meio cristão como no católico. Na ordem do dia estão manifestações celebrativas e participação política do chamado Pentecostalismo autônomo e da Renovação Carismática Católica. Conservadas as diferenciações, o que sinaliza este fenômeno? Porque se afirma agora? Como explicar que se expanda tanto? Serão sintomas de uma nova expressão cultural? Um redespertar do sagrado? Que relação têm estas manifestações de raiz religiosa com o conjunto da cultura urbana e ocidental dominante e secularizada? Que desafios e que chances de diálogo apresentam com outras expressões religiosas, particularmente com as CEBs?
Neste mesmo contexto, mas numa outra vertente: como se apresentam os novos membros do clero? Que propósitos ou inquietações os movem? Confira constatações e considerações que a respeito nos apresentam Jorge Atílio Silva Iulianelli e Luiz Roberto Benedetti. Vale a pena conferir e compartilhar pareceres.
Enfim, “a história acabou”? A globalização da comunicação e do mercado já supera, sim, alguns desafios da humanidade, mas também desperta novas inquietações. Luigi Bordin traça uma retrospectiva da relação entre TdL e Marxismo c pondera a atual pertinência de alguns questionamentos de fundo, apresentados por teólogos da libertação e, a seu tempo, por marxistas. O ensaio é um esforço de interpretação de nosso contexto histórico, a partir de utopias ou inquietações judeu-cristãs.
Elói Dionísio Piva, ofm
Redator