Vol. 48 Núm. 189 (1988): Negrinho do Pastoreio: A Humilhação Redentora
Em abril do ano passado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou sua XXV Assembleia Geral, ocasião em que redefiniu suas diretrizes pastorais para o próximo quadriênio. Sempre orientadas para a evangelização, foram, contudo, enriquecidas com significativos retoques. É destes retoques, fruto de aprofundamento na compreensão da verdade a ser anunciada e de renovação pastoral, que D. Valfredo Tepe analisa com conhecimento de causa o horizonte teológico que os sustenta e desafios pastorais neles implicados.
A sociedade brasileira evoca o centenário da abolição oficial da escravidão. Também os cristãos, portanto, participam: promovem a Campanha da Fraternidade centrada no tema: “A Fraternidade e o Negro". Eduardo Hoornaert comenta o texto-base: levanta interrogações e apresenta propostas, visando “encaminhar a questão eclesial do povo negro" entre nós.
Manoel J. de F. Castelo Branco, movendo-se em contexto latino-americano, aborda o tema do Negro do ponto de vista de seu lugar social, marcado pela negação de seu ser, pelo “não”. Sua reflexão visa contribuir para uma antropologia filosófica latino-americana.
Reunidos em Puebla, os Bispos nos convidam a reconhecer no rosto dos afro-americanos os traços do Cristo Sofredor (N° 20). Luiz Carlos Susin, em sugestiva abordagem teológica, aproxima a figura central da lenda rio-grandense do Negrinho do Pastoreio à figura do Servo Sofredor do Dêutero-lsaias. É o sofrimento e a morte substitutivos do inocente que redimem.
A celebração litúrgica da paixão-morte-ressurreição do Senhor se relaciona intimamente à crise representada pelo sofrimento e pela morte humanos. Em torno destes decisivos momentos Herminio Bezerra de Oliveira tece considerações religioso-antropológicas de significativo interesse pastoral.
Antônio Moser nos chama a atenção para desafios de caráter sócio-cultural e religioso que cercam a família hodierna. Ressalta a importância de se ter consciência dos condicionamentos e das perspectivas que se apresentam e se abrem à pastoral ligada à família.
Por fim, sem desmerecimento das demais comunicações, tomamos a liberdade de destacar as de Luiz Carlos Araújo e Roberto Van der Ploeg. Elas nos possibilitam acompanhar importantes aspectos da “encarnação” da Igreja em nosso Nordeste.
Possam ser de proveito as contribuições aqui apresentadas. FELIZ PÁSCOA!
Frei Elói D. Piva
Redator