Vol. 49 N.º 195 (1989): CEBs: 7° Encontro Intereclesial
A reflexão teológico-pastoral apresentada neste fascículo da REB destaca o 7° encontro intereclesial das CEBs, distinguido com o seguinte lema: “Povo de Deus na América Latina a caminho da libertação”.
João Batista Libânio aponta e descreve as principais características deste encontro, fixando, deste modo, a tradição das CEBs, identificando tendências em sua trajetória atual e vislumbrando seu possível e, até certo ponto, previsível futuro.
Marcelo de Barros Souza faz uma avaliação crítica, serena e corajosa, do aspecto celebrativo: acertos e desacertos são indicados e avaliados no âmbito de um processo evolutivo natural.
Para Leonardo Boff, o significado teológico-eclesial do encontro se manifesta como “novo modo de toda a Igreja ser”. O “novo” diz respeito tanto à figura histórica da Igreja, como à ação do Espírito Santo e à acolhida do Evangelho de Jesus Cristo.
Inserção das CEBs no atual processo de democratização do país: Como é que seus membros, em geral, coadunam desenvolvimento econômico e desenvolvimento social? Em que consiste o sonho de uma “nova sociedade”? São questões tematizadas e elucidadas por Manfredo Araújo de Oliveira.
Por sua vez, Jether Pereira Ramalho, ao relacionar o V encontro com os 6 anteriores, assinala avanços, identifica tendências e questões que caracterizam o estado atual e que deixam antever o possível rumo da cami¬nhada histórica das CEBs.
Presente nas contribuições acima apresentadas, o aspecto ecumênico deste 7° encontro recebe um voto de louvor no depoimento de Cláudio de Oliveira Ribeiro.
Além da temática estritamente ligada ao intereclesial, a REB apresenta também outros assuntos, certamente de interesse para seus leitores.
José Oscar Beozzo pensa a relação entre linguagem litúrgica e a experiência cosmológica e histórico-cultural na América Latina. A partir disto, pode perguntar: não seria possível, desejável e natural aos filhos deste continente exprimirem sua experiência do Deus Criador e Salvador de acordo com sua condição existencial? Relativizando a uniformidade, busca harmonizar cultura e expressão da fé, busca o uno na diversidade dos entes.
Como se apresentaria uma eclesiologia que assumisse corajosamente a condição histórica da Igreja? Quais seriam as mediações do Evangelho da alma africana em nosso país e como se apresentariam? É Eduardo Hoornaert que aborda este desafio.
O centenário da proclamação da República oferece ocasião para verificar o entrelaçamento da Igreja com diversos segmentos da sociedade civil. Em torno de que valores e como se dá o entrechoque dos respectivos projetos? Elói Dionísio Piva tenta entrever este fenômeno histórico-social na instauração do regime republicano no Brasil.
Simão Voigt, partindo de uma observação atinente à tradução portuguesa do prefácio da festa de Cristo Rei, apresenta o contexto sócio-cultural de Paulo como chave de leitura para entendermos a entrega — futura — do Reino ao Pai, por Jesus Cristo.
Enfim, estas e outras contribuições aqui apresentadas também nos ajudam a especificar a presença da cruz no mundo — e na Igreja — de hoje, presença esta que, no seu paradoxo, nos reconfirma o caminho do Senhor da Vida.
Frei Elói Dionísio Piva
Redator